O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez um alerta ao governo federal sobre a necessidade urgente de controlar os gastos públicos como única via para conter a inflação. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, 12, Campos Neto e sua equipe destacaram que o equilíbrio fiscal é fundamental para alcançar a meta de inflação de 3% ao ano e garantir a estabilidade dos ativos financeiros no Brasil. A recente alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, que agora está em 11,25% ao ano, reflete a resposta do BC à falta de austeridade fiscal no país.
Para Campos Neto, a expansão dos gastos governamentais e a ausência de previsibilidade nas regras fiscais ampliam o risco inflacionário e impactam as expectativas de mercado. A ata do Copom enfatizou que uma política fiscal sólida e previsível é imprescindível para ancorar as expectativas de inflação e reduzir o risco associado aos ativos financeiros. “Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência”, destaca o documento, seria fundamental para fortalecer a sustentabilidade da política monetária.
Além disso, Campos Neto chamou a atenção para o impacto do mercado de trabalho aquecido e o crescimento de 1,3% nos salários reais nos últimos 12 meses, o que pressiona os preços de serviços e torna a inflação mais difícil de controlar. O cenário de crescimento econômico acima de 3% ao ano, associado a um ambiente externo instável, reforça a necessidade de cuidados na política monetária, já que essas variáveis pressionam o BC a manter os juros elevados por mais tempo.