A Argentina se prepara para as eleições legislativas de meio de mandato neste sábado (26) em um contexto de grandes contrastes. O governo de Javier Milei pode exibir avanços econômicos notáveis para o país, como a redução da inflação anual de 211% para 31,8% em menos de dois anos, e a conquista de um superávit fiscal inédito desde 2011. Além disso, a pobreza recuou significativamente, e o país tem projeções de crescimento de até 5%, com aval de organismos internacionais como FMI e OCDE. Contudo, esses resultados são ofuscados por uma forte crise política e vulnerabilidade cambial.
Apesar da melhoria nos indicadores macroeconômicos, o governo enfrenta sérios obstáculos políticos e fiscais. O peso argentino atingiu sua mínima histórica de 1.490 por dólar, exigindo intervenções de centenas de milhões de dólares do Banco Central para tentar estabilizar a moeda. A situação política se deteriorou após uma derrota significativa do partido La Libertad Avanza na província de Buenos Aires e o surgimento de denúncias de corrupção envolvendo a irmã do presidente, Karina Milei, o que abalou a credibilidade do discurso anticorrupção de Milei.
A fragilidade do governo é acentuada no Congresso, de maioria oposicionista, que impôs derrotas inéditas, como a derrubada de um veto presidencial pela primeira vez em mais de vinte anos. Com uma base parlamentar muito pequena (apenas 38 deputados e 7 senadores), Milei depende de alianças para dar seguimento à sua agenda de austeridade. A eleição de sábado definirá se o presidente conseguirá ampliar seu poder no Legislativo para acelerar as reformas ou se enfrentará um Congresso cada vez mais hostil, o que interessa diretamente ao Brasil, principal parceiro comercial da Argentina no Mercosul.











