O ex-ministro José Dirceu (PT), condenado por corrupção na Lava Jato e ex-usuário de tornozeleira eletrônica, afirmou neste domingo (20) que o Brasil vive uma das fases mais críticas desde a proclamação da República. Em uma live intitulada “É hora de defender o Brasil”, Dirceu comparou a atual conjuntura política à Segunda Guerra Mundial e declarou que o país enfrenta uma ameaça “fascista da extrema-direita”. Ao citar o 8 de Janeiro de 2023, relacionou os acontecimentos à invasão do Capitólio nos EUA em 2021, sugerindo um plano articulado de violência contra lideranças políticas.
Durante a transmissão, Dirceu apontou diretamente para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos, os parlamentares Flávio e Eduardo Bolsonaro, acusando-os de conspirar contra o país e associando-os a um suposto plano de assassinato de Lula (PT) e outras autoridades. “Membros da família Bolsonaro […] conspirando nos Estados Unidos num ato criminoso de traição nacional”, disse o petista, sem apresentar provas. As falas ocorrem em meio à tensão diplomática provocada pela tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros, decisão do presidente americano Donald Trump, que alegou perseguição política contra Bolsonaro.
Em outra frente, Dirceu também criticou publicamente o próprio Partido dos Trabalhadores. Há cerca de um mês, ele reconheceu que a base do PT se desorganizou, que as instâncias partidárias “deixaram de funcionar muitas vezes” e que o partido perdeu presença nos territórios e nas redes sociais. Para ele, apesar da vitória de Lula em 2022, o resultado refletiu mais o “anti-bolsonarismo” do que uma força real da esquerda. “A eleição de 2022 não foi uma vitória da esquerda. Foi uma vitória do anti-bolsonarismo”, declarou. Mesmo assim, Dirceu afirmou que Lula é “candidatíssimo” à reeleição em 2026 e defendeu a reconstrução do PT para enfrentar os desafios até o fim do mandato.
