O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou inquietações em relação à desinflação global, apontando para a falta de uma trajetória clara para sua continuidade. Contrariando as percepções de mercado, destacou a divergência entre as expectativas do setor financeiro e as metas do governo, especialmente no âmbito fiscal.
Reconhecendo as dificuldades para atingir as metas fiscais de 2024, Campos Neto atribuiu parte dos obstáculos à necessidade de uma arrecadação expressiva. “Uma das dificuldades é a necessidade de uma arrecadação bastante grande. Se conseguirmos cortar gastos, melhora, mas o Brasil enfrenta uma situação de gastos muito engessada”, declarou o presidente do banco em relação à gastança do governo Lula (PT).
Ao mencionar a coordenação entre política monetária e fiscal durante a pandemia, ele ressaltou a falta de repetição desse alinhamento pós-crise, especialmente em países que enfrentam problemas para abandonar programas fiscais implementados. O presidente do Banco Central questionou teses que não se confirmaram, como a expectativa de que taxas de juros mais elevadas levariam à contração econômica, e reiterou a preocupação com a trajetória fiscal, citando o aumento da dívida pública nos Estados Unidos, prevendo uma consequente diminuição da liquidez para economias emergentes.