O Brasil registrou um aumento expressivo no número de pessoas vivendo nas ruas, que passou de 160 mil para 345 mil em menos de dois anos, de acordo com levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (UFMG). A alta acontece apesar do programa federal Ruas Visíveis, anunciado com a promessa de investir R$ 1 bilhão para reduzir a miséria urbana. O projeto envolve 11 ministérios e prevê ações como criação de cozinhas solidárias e construção de unidades habitacionais, mas os resultados práticos ainda não evitaram a escalada do problema.
Os dados mostram que a crise econômica e a inflação têm sido fatores centrais para o agravamento da situação, somados ao déficit habitacional e à lentidão na execução de políticas sociais. O cenário atinge principalmente homens (85%), negros (70%) e, em menor escala, menores de idade e idosos. São Paulo lidera o ranking com 146.940 pessoas em situação de rua, seguido por Rio de Janeiro (31.693) e Minas Gerais (31.410). A maior parte dessa população permanece em calçadas, praças e viadutos, sem acesso a abrigos.
Relatório do MDHC apontam que 70% dessa população não concluiu o ensino fundamental e 11% são analfabetos, dificultando a reinserção no mercado de trabalho. Em São Paulo, o contraste é evidente: existem cerca de 590 mil imóveis particulares vazios, enquanto aproximadamente 92 mil pessoas vivem nas ruas da capital, segundo a Agência Brasil. A maioria dos moradores de rua, de acordo com o levantamento da UFMG não recebem acolhimento em abrigos público e moram em calçadas, ruas e outras ocupações improvisadas.
