A futura presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha, declarou que a discussão sobre anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro não está em pauta na Corte. Segundo Rocha, ainda há réus sem denúncia ou julgamento, o que inviabiliza qualquer debate sobre perdão ou indulto presidencial neste momento. “Todos devem ser julgados antes de qualquer consideração sobre perdão”, afirmou a ministra em entrevista ao O Globo.
Indicada ao STM por Lula em 2008, Rocha, uma das vozes civis do tribunal, avalia que os atos de 8 de janeiro deixaram “uma ferida aberta que custará a cicatrizar” e comparou seu impacto aos eventos de 1964. Ela também defendeu a punição de militares envolvidos, argumentando que “ninguém está acima da lei”, mas reconheceu que há desconforto nas Forças Armadas com o tratamento dado aos casos. Apesar de declarar que a democracia precisa de defesa contínua, a ministra destacou que crimes militares conexos devem ser julgados pela Justiça Militar Federal.
Enquanto isso, a Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro realizou uma live em contraponto às ações do governo e do STF, destacando supostos abusos e irregularidades nos processos relacionados. O advogado do grupo, Ezequiel Silveira, criticou o que chamou de “consórcio entre STF e Planalto”, afirmando que, “a pretexto de defender a democracia, estão acabando com ela”. Parlamentares de oposição também participaram do evento, reforçando a necessidade de um Projeto de Lei de anistia para as vítimas.