Numa tentativa de revitalizar sua economia em declínio, a Venezuela oficialmente solicitou ingresso na aliança BRICS, um bloco composto pelas principais economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A medida ocorre enquanto 19 países expressam interesse em se juntar ao grupo, com uma decisão final esperada na 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo em agosto. Enquanto o Brasil, Rússia e China manifestaram apoio à candidatura da Venezuela, a nação busca aproveitar a influência da aliança na América Latina para retornar ao palco global e enviar uma forte mensagem política.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enfatizou a crescente importância do BRICS como um movimento poderoso que molda a geopolítica e as dinâmicas de poder no mundo. Isolada nos últimos quatro anos devido a sanções impostas por Europa, Estados Unidos e Canadá, a Venezuela busca demonstrar sua legitimidade e força política no cenário internacional. O ingresso no BRICS poderia fortalecer a economia da Venezuela, que sofreu uma drástica queda de mais de 90% na última década. Com as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, o principal trunfo da Venezuela reside na indústria do petróleo, que, se revitalizada por meio da adesão ao BRICS, poderia garantir laços comerciais mais fortes, financiamento internacional e uma forma de contornar sanções econômicas.
No entanto, surgem preocupações quanto ao atual estado da indústria petrolífera venezuelana, que enfrentou corrupção, má gestão e o impacto das sanções dos EUA, levando a uma contração de dois terços na última década. Economistas sugerem que, embora a adesão ao BRICS possa oferecer oportunidades para vender mais petróleo, a produção do país caiu drasticamente para cerca de 700.000 barris por dia, em comparação com os níveis anteriores de 3 milhões de barris. Como a aliança BRICS já controla 8,7% das reservas mundiais de petróleo, a inclusão da Venezuela poderia aumentar significativamente esse número para 26,2%, potencialmente redefinindo a dinâmica dos mercados petrolíferos globais.
Mesmo assim, existem opiniões contrárias à entrada da Venezuela ao BRICS, como a do analista Andrew Korybko; que afirmou em maio que “isso (a entrada da Venezuela]) essencialmente o reduziria (o BRICS) a um clube de debates de alto perfil que serve unicamente como plataforma para que seus membros desabafem contra os Estados Unidos e o capitalismo sem realmente realizar nada, o que não está nos interesses de nenhum de seus membros atuais.”