O ministro da Economia da Rússia, Maxim Reshetnikov, declarou nesta quinta-feira (19) que o país enfrenta uma situação econômica crítica, com risco iminente de recessão. “Já estamos, me parece, à beira de uma recessão. À beira”, afirmou durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo. O alerta surge em meio à contínua priorização de gastos militares pelo Kremlin, comprometendo políticas internas de estabilidade e minando a saúde fiscal do país.
A política de guerra do ditador Vladimir Putin tem aprofundado a fragilidade econômica russa. Para manter o esforço militar, o Kremlin adotou um modelo de recrutamento baseado em altas bonificações a soldados voluntários, enquanto evita convocar recrutas obrigatórios por pressão social. O custo dessa estratégia chega a US$ 24 milhões por dia apenas em bônus, sem contar salários ou indenizações. Além disso, os gastos militares já consomem 6,3% do PIB, o maior nível desde a Guerra Fria.
Ao mesmo tempo, a economia russa sofre os efeitos de sanções internacionais, queda nas receitas de energia e um déficit público crescente. O ministro pediu apoio ao Banco Central, que reduziu os juros de 21% para 20% este mês, mas ainda enfrenta críticas pela manutenção de uma taxa considerada restritiva. “É preciso dar um pouco de amor à economia”, disse Reshetnikov. Analistas alertam que a política fiscal russa se tornou insustentável, enquanto os bancos do país absorvem níveis perigosos de endividamento.