Bernardo Arévalo de León, acadêmico de 64 anos e membro da agrupação política progressista Semilla, foi eleito como o próximo presidente da Guatemala. As eleições, realizadas no domingo, 20 de agosto, resultaram na vitória de Arévalo de León sobre a ex-primeira-dama Sandra Torres Casanova. Essa mudança na direção política do país centro-americano marca uma virada significativa na história política da Guatemala, com implicações que podem repercutir tanto em nível nacional quanto internacional.
A eleição presidencial na Guatemala tem sido marcada por grande controvérsia e judicialização, sendo considerada a mais “quente” desde a instauração da democracia em 1986. A intervenção do Ministério Público, liderado por promotores punidos por corrupção pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, lançou uma sombra sobre o processo eleitoral. O Ministério Público acusou o partido de Arévalo de León, o Semilla, de um suposto caso de assinaturas falsas em seu processo de criação em 2018, o que adicionou mais tensão e escrutínio ao processo.
O promotor encarregado do caso, Rafael Curruchiche, chegou até a cogitar a emissão de ordens de prisão e pedidos de impeachment contra membros do partido Semilla, intensificando ainda mais as tensões em torno da eleição.
Quem é Bernardo Arévalo de León
Bernardo Arévalo de León, sociólogo e ex-diplomata de 64 anos, emerge como o presidente eleito com um legado político familiar que remonta à Revolução de 1944 na Guatemala. Filho de Juan José Arévalo, que foi o primeiro presidente eleito popularmente após a Revolução, Bernardo Arévalo possui raízes profundas na política guatemalteca. Seu pai foi forçado a se exilar após a deposição do presidente Jacobo Árbenz em 1954, e Bernardo nasceu no Uruguai como resultado. Essa circunstância se tornou um tema de debate durante a campanha eleitoral.
Arévalo foi cônsul em Israel, vice-chanceler da Guatemala e embaixador na Espanha.
Arévalo de León tem focado sua campanha no combate à corrupção na Guatemala. Sua promessa de estabelecer um gabinete específico de combate à corrupção e uma comissão de vigilância autônoma do governo ressalta sua intenção de abordar um dos problemas mais prementes do país. Embora não tenha intenção de restaurar a Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), expulsa em 2019, Arévalo elogiou seu trabalho e busca implementar medidas similares.
No que diz respeito a questões sociais, Arévalo de León declarou seu compromisso em proteger os direitos da população LGBT e lutar contra qualquer forma de discriminação. Essa postura foi distorcida por seus opositores, que o acusaram de tentar legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e promover o aborto, acusações que ele negou categoricamente.
O mandato de quatro anos sob a presidência de Bernardo Arévalo de León terá início em 14 de janeiro de 2024.