O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou o envio do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) para um ato de apoio à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, marcado para esta quarta-feira, 18 de junho, no bairro Constitución, em Buenos Aires. A iniciativa ocorre em um momento de grande efervescência política no país, após a Suprema Corte de Justiça do país determinar que Kirchner cumpra pena em prisão domiciliar, rejeitando um recurso contra sua condenação a seis anos de prisão por desvio de dinheiro público.
A condenação de Cristina Kirchner, de 72 anos, está ligada a um esquema de fraude que direcionou fundos públicos para licitações de obras rodoviárias na Patagônia, vencidas por um amigo e sócio da família Kirchner. Muitas dessas obras, avaliadas em US$ 1 bilhão em prejuízos aos cofres públicos, nunca foram concluídas. A decisão judicial, que a impede de disputar eleições futuras, autoriza Kirchner a cumprir a pena em seu apartamento em Buenos Aires, com o uso de tornozeleira eletrônica. Essa prerrogativa foi concedida pelo Segundo Tribunal Federal Oral, contrariando a recomendação do Ministério Público.
Em resposta à condenação, seguidores de Cristina Kirchner organizam uma grande marcha em Buenos Aires, com protestos previstos em frente à Suprema Corte. A militância peronista demonstra forte apoio, com manifestantes desafiando o frio para expressar solidariedade à ex-presidente. Cartazes com a frase “Não está sozinha” foram afixados no bairro onde ela reside, que se tornou um ponto de referência para seus apoiadores.
O governo do presidente Javier Milei, por sua vez, reagiu à mobilização ampliando os poderes da polícia por decreto, inclusive para prisões. Apesar da expectativa de uma “reação inicial” da militância ter curta duração, segundo o chefe de Gabinete de Ministros, Guillermo Francos, a fidelidade à ex-presidente se mostra robusta.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou em solidariedade a Cristina Kirchner, expressando admiração pela “maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa e o quanto está determinada a seguir lutando”. A presença do PT no ato pró-Kirchner reforça a percepção de apoio internacional à figura política da ex-presidente argentina, em um cenário complexo que mistura condenação judicial, mobilização popular e alinhamentos políticos regionais.
