O pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem pouco impacto sobre o déficit bilionário gerado pela previdência dos militares, segundo especialistas. As mudanças propostas, como a idade mínima de 55 anos para aposentadoria, não alteram significativamente o principal fator do rombo: a integralidade dos salários na aposentadoria. Enquanto trabalhadores civis recebem, no máximo, o teto do INSS de R$ 7.786,02, militares aposentados continuam ganhando o mesmo valor que recebiam na ativa, com casos ultrapassando R$ 38 mil.
De acordo com Daniel Duque, do Centro de Liderança Pública, mencionado pelo UOL, o déficit anual das Forças Armadas é de R$ 50 bilhões, e o pacote de Haddad deve economizar apenas R$ 12 milhões em 2025, subindo para R$ 25 milhões até 2030. O pesquisador Marcos Mendes, do Insper, reforça que as medidas “nem de perto resolvem o problema”. A Marinha reagiu publicamente com críticas veladas às mudanças, enquanto o Ministério da Defesa não se pronunciou. Os militares justificam o regime diferenciado alegando peculiaridades da carreira, como dedicação exclusiva e mobilidade permanente.
Economistas alertam que o impacto do ajuste é desproporcional, penalizando as camadas mais pobres da população. Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, afirma que “os militares quase não perderam nada”, enquanto o pacote atinge fortemente beneficiários do salário mínimo. Ele destaca que a pressão política dos militares tem garantido a manutenção de seus privilégios, agravando as desigualdades no país e comprometendo recursos essenciais para a defesa, como equipamentos e treinamentos.