O Brasil enfrenta uma fuga recorde de capitais, com a saída líquida de US$ 56,21 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC). O montante representa o pior desempenho da conta financeira desde o início da série histórica, em 1982, e já supera o saldo negativo de US$ 55,36 bilhões registrado em 2020, no auge da pandemia de Covid-19. A diminuição na entrada de investimentos estrangeiros é apontada como principal causa da evasão financeira, em um cenário agravado por incertezas internas e externas.
Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, destacou que a redução nos ingressos de capitais estrangeiros em investimentos diretos, ações e renda fixa foi significativa. “Os capitais estrangeiros somaram R$ 54,8 bilhões de janeiro a outubro de 2022 e apenas R$ 31 bilhões neste ano”, explicou. Além disso, a alta nas remessas de lucros para o exterior e o aumento de gastos em áreas como serviços e apostas esportivas contribuíram para intensificar a saída de dólares. Especialistas alertam que, com as remessas sazonais de dezembro, 2024 pode alcançar a maior fuga de capitais da história recente.
A saída de capitais do Brasil está ligada a fatores como insegurança jurídica, crises internas e perspectivas econômicas negativas. A alta imprevisibilidade fiscal, incluindo dificuldades no controle de gastos públicos e aumento de impostos, reduz a confiança dos investidores. Além disso, em momentos de desaceleração econômica global, países desenvolvidos oferecem opções de investimento mais seguras e atraentes, levando os recursos a migrar para mercados menos arriscados. A combinação desses elementos faz com que o Brasil, como outros países emergentes, enfrente uma maior vulnerabilidade a fluxos financeiros voláteis, o que prejudica o desenvolvimento econômico no longo prazo.