Em um evento histórico, o líder norte-coreano Kim Jong Un e o presidente russo Vladimir Putin realizaram uma cúpula na Rússia nesta quarta-feira, abordando uma ampla gama de questões, desde assuntos militares até a guerra na Ucrânia e a colaboração no programa de satélites da Coreia do Norte.
O encontro ocorreu no cosmódromo de Vostochny, no Extremo Oriente russo, onde Putin pessoalmente conduziu Kim em uma visita às avançadas instalações de lançamento de foguetes da Rússia. Durante a visita, Kim demonstrou grande interesse ao fazer perguntas detalhadas sobre a tecnologia de foguetes enquanto Putin o acompanhava.
Após a visita, os líderes realizaram extensas conversas, primeiro com seus respectivos ministros e depois a sós. Essas conversas aconteceram após um luxuoso almoço, onde Kim brindou com um vinho russo, desejando saúde para Putin, vitória para “a grande Rússia” e fortalecimento da amizade entre a Coreia e a Rússia. Além disso, expressou sua confiança de que a Rússia prevaleceria em sua “luta sagrada” com o Ocidente na guerra da Ucrânia.
Por sua vez, Putin deu a entender que questões de cooperação militar foram discutidas, embora os detalhes específicos dessas conversas tenham sido mantidos em sigilo. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, também esteve presente na cúpula, e o Kremlin destacou que determinados temas sensíveis não são discutidos publicamente.
Quando a imprensa russa, que teve acesso significativo à cúpula, perguntou se a Rússia ajudaria a Coreia do Norte a desenvolver seu programa de satélites, Putin respondeu de forma enigmática: “É exatamente por isso que estamos aqui”.
A cúpula não apenas representou uma oportunidade para a aproximação entre as duas nações, mas também para a Rússia enviar uma mensagem aos Estados Unidos, o principal apoiador da Ucrânia. No entanto, ainda não está claro até que ponto a Rússia estaria disposta a atender às aspirações tecnológicas da Coreia do Norte.
Em um gesto simbólico, Kim planeja visitar fábricas de aviação militar e civil na cidade russa de Komsomolsk-on-Amur, bem como inspecionar a frota do Pacífico da Rússia em Vladivostok nos próximos dias.
Durante o almoço, Putin e Kim se chamaram mutuamente de “camaradas” e lembraram o apoio histórico da União Soviética à Coreia do Norte, sendo o primeiro país a reconhecer sua independência há mais de 75 anos, no dia de sua fundação.
Curiosamente, enquanto Kim viajava de trem pelos bosques russos, a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos de curto alcance de uma área próxima a Pyongyang em direção ao mar na costa leste. Esse evento marcou o primeiro lançamento desse tipo enquanto Kim estava no exterior, o que indica maior autonomia e refinamento nos sistemas de controle dos programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte.
A composição da delegação norte-coreana, com a destacada presença do diretor do Departamento de Indústria de Armamentos, Jo Chun Ryong, sugere um foco particular na cooperação na indústria de defesa.
Putin encerrou a cúpula enfatizando a importância das relações históricas entre os dois países e citou um provérbio coreano: “A roupa boa é a que é nova, mas os velhos amigos são os melhores amigos. E nosso povo diz: um velho amigo vale mais do que dois novos”. Essas palavras refletem a importância da amizade duradoura entre a Coreia do Norte e a Rússia no contexto moderno.