O novo presidente eleito do Equador, Daniel Noboa, assume a tarefa de enfrentar a crescente crise de violência que assola o país. Com um mandato que se estende apenas até maio de 2025 e desafiando uma Assembleia Nacional fragmentada com uma presença significativa do Correísmo, ele enfrenta um desafio sem precedentes.
Noboa emergiu vitorioso em um segundo turno eleitoral no último domingo, derrotando a candidata correísta Luisa González. Sua ascensão ao poder se deve à dissolução da Assembleia Nacional em maio pelo presidente em exercício, Guillermo Lasso, que buscou eleições antecipadas através do mecanismo constitucional conhecido como “morte cruzada”. Lasso enfrentava a possibilidade de destituição por suposta malversação de fundos públicos, alegações que ele negou.
O país enfrenta uma crise de segurança marcada pelo assassinato de importantes líderes políticos, incluindo o candidato presidencial Fernando Villavicencio, baleado durante um comício em agosto. O assassinato de Villavicencio destacou a crescente vulnerabilidade mesmo de figuras políticas de renome.
Além dos assassinatos políticos, ocorreram ataques e explosões em cidades e localidades, e um recente surto de violência nas prisões, que deixou dezenas de mortos e revelou problemas sistêmicos no sistema prisional.
Noboa propõe uma abordagem de “mão dura”, combinada com reformas carcerárias profundas e um investimento significativo em tecnologia para combater o crime. Entre suas propostas está a ideia de instalar prisões flutuantes em barcaças para afastar os criminosos perigosos da costa e evitar que operem a partir da prisão. No entanto, essa iniciativa gerou ceticismo devido às complexidades logísticas e jurídicas envolvidas.
Além disso, o presidente eleito planeja penalizar o consumo de drogas em pequena escala, implementar um sistema de júris para crimes graves e melhorar a tecnologia, como drones e radares, para combater a criminalidade organizada em estradas e fronteiras.
A violência no Equador tem sido exacerbada pela presença do tráfico de drogas nas províncias ocidentais do país, que abrigam portos estratégicos cobiçados pelos traficantes de drogas. A localização geográfica do Equador, ao lado da Colômbia e do Peru, dois dos principais produtores de cocaína do mundo, facilitou a entrada de drogas no país e o aumento da violência associada ao tráfico.
Para enfrentar esses desafios, Daniel Noboa enfrenta a pressão do tempo, uma vez que seu mandato é limitado. Sua capacidade de implementar essas medidas ambiciosas e restaurar a segurança no Equador será fundamental em um momento em que o país luta para controlar a crescente onda de violência e criminalidade.