O Brasil anda enfiando o pé na jaca, como constatamos, mas nem para comer a jaca depois temos o privilégio. Sim, porque não basta o STF querer censurar internamente; temos que fazer do mundo livre o nosso inimigo. Explico aqui como está se desenhando esse cenário geopolítico e quem vai ganhar ou perder no conflito Irã- Israel que – esperamos – tenha um fim rápido e sem mais mortes.
Donald Trump, em campanha, prometeu trazer de volta os soldados e isolar os EUA de conflitos que foram estabelecidos pelos governos anteriores, o que está sendo levado a sério por parte dos conservadores norte-americanos. A outra parte é pró-Israel e quer acabar com o regime do Irã, considerado uma ameaça.Pragmático, o presidente preferiu abreviar a participação americana com ataques à infrestrutura energética e bélica iraniana. deixando de fora uma participação direta na mudança de regime.
Ele sabe que a oposição do Irã ainda não tem capacidade de mobilização e organização suficiente para assumir o controle, ou teria prolongado a intervenção. Ao cumprir compromissos assumidos durante a campanha, Trump atende ao mercado financeiro, que está olhando os desdobramentos dos conflitos com muito rigor. O Irã, por sua vez, vê seu modelo de regime debilitado, com a população sem liberdade de expressão e oprimida pelo sistema, que só se mantém no poder através do medo.
Na verdade, quando o Irã anunciou a data e quais bases americanas iria atacar no Iêmen, estas estavam já subutilizadas ou abandonadas, portanto foi um contra-ataque simbólico, e um claro sinal de que Irã e EUA querem manter distância entre si. Pode ser que haja alguma negociação nos bastidores entre os militares iranianos, inclusive.
Israel continua com sua missão de sobreviver e o Irã como protagonista contra o estado israelense, embora a nova geração de líderes islâmicos esteja consciente de que Israel está para ficar. Com esse ataque limitado dos EUA, Israel ganha na destruição de armas nucleares iranianas, mas perde um aliado que poderia atuar na mudança de regime do Irã, uma solução mais definitiva.
Enquanto isso, o Brasil continua apostando no cavalo errado. Assumiu abertamente uma posição ao lado dos aiatolás, de forma inconsequente diante do mercado financeiro, dos seus antigos aliados e dos EUA, ignorando as sanções que tanto o governo como o povo brasileiro podem sofrer O que o país ganha? Nada. Usado como fantoche por Irã, Rússia e China, o governo age contra si e contra os brasileiros.