Lula (PT) tenta costurar apoio internacional contra as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Em visita recente ao Japão, Lula anunciou que acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as medidas, mas já admite aplicar tarifas de retaliação se não houver resultado. “Temos duas decisões a fazer: recorrer na OMC e, se não der certo, sobretaxar produtos americanos”, declarou. A iniciativa ocorre no momento em que a OMC, criada justamente para intermediar disputas como essa, vê sua capacidade de atuação cada vez mais comprometida.
A crise na OMC é reflexo direto da atuação unilateral de potências como os EUA, que já bloqueiam há anos o funcionamento do seu principal órgão de apelação. Segundo o economista Lívio Ribeiro, da FGV-Ibre, consultado pelo Correio Brazilense, disse que a entidade está “completamente sem capacidade” de exercer seu papel e, na prática, “hibernando”. A escalada protecionista liderada por Trump, agora intensificada com tarifas que podem chegar a 70% sobre produtos chineses, enfraquece ainda mais o multilateralismo no comércio internacional, conforme alerta também a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, que prevê queda de até 1% no comércio global de mercadorias em 2025.
Enquanto o governo brasileiro aponta prejuízos bilionários e ameaça retaliações, especialistas sugerem cautela diante da instabilidade global e da fragilidade institucional da OMC. O governador de São Paulo (Republicanos), já defendeu alternativas que fortaleçam o comércio bilateral e reduzam a dependência de organismos internacionais esvaziados. Nesse cenário, ganha força a busca por acordos diretos com países alinhados ao livre mercado, ao passo que iniciativas movidas por viés ideológico podem ampliar o isolamento diplomático do Brasil e aprofundar os impactos sobre setores estratégicos como o siderúrgico.