Às vésperas da visita oficial de Lula (PT) à China, o petista surpreendeu ao defender uma aproximação simultânea com Washington e Pequim, reiterando que o Brasil “não quer fazer opção entre Estados Unidos ou China”. Em declaração à imprensa na terça-feira (22), ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, Lula afirmou: “Eu quero vender e comprar”, sinalizando um foco alinhado com o livre mercado, oposto as ideias comunistas. O discurso ocorre em meio à intensificação das tratativas com o governo chinês, incluindo o envio do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), para negociações bilaterais que antecipam a reunião entre Lula e Xi Jinping em maio.
Rui Costa inicia neste sábado (26) uma viagem de cinco dias a Pequim, seguida de dois dias em Xangai, onde a prioridade será atrair investimentos em infraestrutura e cadeias produtivas. A comitiva, que inclui representantes dos ministérios da Indústria, Agricultura e Planejamento, busca consolidar projetos como o Corredor Bioceânico e garantir a entrada de gigantes chinesas nas licitações brasileiras. A missão também passará pelo Novo Banco de Desenvolvimento, presidido por Dilma Rousseff (PT), que atua como interlocutora nas negociações financeiras com o Brics.
Entre os acordos em andamento, destaca-se o desenvolvimento do satélite CBERS-5, fruto de uma parceria tecnológica iniciada em 1988 com a China. O projeto foi elogiado por autoridades chinesas como símbolo de “cooperação eficaz”, especialmente durante os preparativos para o Fórum China-Celac, agendado para o dia 13 de maio. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia chinês, Yin Hejun, os satélites conjuntos com o Brasil “promoveram o rápido desenvolvimento dos dois lados”. Os encontros refletem a tentativa do governo Lula de reforçar laços estratégicos com a China, mesmo sob críticas por sua postura ambígua em relação ao alinhamento geopolítico.