O aumento iminente da taxa Selic, previsto para a reunião do Copom na quarta-feira (11), é apontado por analistas como um fator que pode ajudar a reduzir a cotação do dólar, que atingiu valores históricos em 2024. A moeda brasileira perdeu 24,54% do seu valor no ano, alcançando R$ 6,07 na sexta-feira (6), o maior desvalorização desde o Plano Real. Essa perda de valor do real ocorre em meio à fuga de investidores estrangeiros da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com um saldo negativo acumulado de R$ 32,9 bilhões até dezembro.
No entanto, a alta da Selic, atualmente projetada para chegar a 12% ao ano, não é isenta de impactos negativos. Segundo especialistas, a medida pode intensificar as dificuldades econômicas já enfrentadas pelo Brasil, como as incertezas fiscais e a redução do consumo interno. “O mercado de trabalho apertado e os salários elevados justificam a aceleração do aperto monetário”, afirmaram analistas do Goldman Sachs em nota. O cenário também reflete o pior desempenho do Ibovespa em dólares desde 2015, com queda de 24,6% até 6 de dezembro.
O ambiente econômico global adiciona mais pressão, com dados de inflação dos Estados Unidos previstos para esta semana e possível corte na taxa de juros pelo Federal Reserve. No Brasil, o impacto do pacote fiscal proposto pelo governo federal continua gerando desconfiança entre investidores, especialmente após a divulgação de um controverso projeto de reforma do Imposto de Renda, que não consegue convencer a investidores sobre benefícios para alocar seus capitais no Brasil.