A forte ventania que atingiu a Grande São Paulo na quarta-feira (10) deixou mais de 1,5 milhão de imóveis sem energia elétrica, sendo mais de 1 milhão apenas na capital. As rajadas chegaram a 98 km/h, derrubaram árvores, destelharam imóveis e provocaram o cancelamento de voos. A Enel, responsável pela distribuição, não apresentou prazo para normalizar o serviço, o que levou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a criticar novamente a lentidão da empresa e a possibilidade de prorrogação do contrato com o Governo Federal.
A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou que recorrerá à Aneel para formalizar reclamações contra a distribuidora, destacando que apenas uma fração da frota da Enel foi utilizada no atendimento emergencial. A Procuradoria Geral do Município enviou documento exigindo explicações em até 48 horas sobre a demora na recomposição do serviço e sobre medidas adotadas para evitar prolongamento das interrupções. O histórico de falhas da empresa já motivou ações judiciais da prefeitura contra a renovação da concessão, reforçando a pressão política sobre o governo Lula, que mantém a análise do contrato.
Além da capital, cidades como Embu-Guaçu, Cotia, Jandira e Taboão da Serra registraram quedas superiores a 50% no fornecimento de energia, afetando também o abastecimento de água, segundo a Sabesp. A Enel afirma ter mobilizado 1.300 equipes para atender cerca de 2 milhões de clientes, mas os números de interrupções mostram que a estrutura da empresa não tem sido suficiente para enfrentar eventos climáticos severos. O Tribunal de Contas da União já recomendou que a Aneel avalie uma eventual intervenção caso a distribuidora não comprove capacidade operacional adequada.
