O Governo Federal decidiu adiar a aplicação da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos, medida que vinha sendo preparada como resposta às tarifas impostas por Washington às exportações brasileiras. A suspensão ocorreu na terça-feira (23), mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou abertura para diálogo com Lula (PT) durante discurso na Assembleia-Geral da ONU. A expectativa agora é por uma reunião entre os dois líderes, que poderá ocorrer por telefone ou videoconferência na próxima semana.
A proposta de retaliação, encaminhada pelo Itamaraty em agosto, previa a criação de um grupo de trabalho para elaborar ações comerciais contra os EUA. O Comitê-Executivo de Gestão da Camex (Gecex) chegou a incluir o tema na pauta da reunião ordinária, mas o Governo Lula solicitou o adiamento antes do início do encontro. Segundo técnicos envolvidos, havia divergência interna sobre o momento adequado para avançar com a medida, diante da possibilidade de negociação direta com o governo americano.
O relatório técnico preparado para a reunião trazia análises de impacto econômico e jurídico sobre as tarifas norte-americanas, além de contribuições de diferentes órgãos do Governo Federal. Empresários como Joesley Batista, da JBS, e representantes da Embraer atuaram nos bastidores para facilitar o contato entre os dois governos, segundo foi noticiado pela mídia brasileira. Em conversa informal com Lula antes de seu discurso na ONU, Trump afirmou ter tido “uma excelente química” com o petista e declarou: “Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto”.
