O ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) foi criticado por líderes sindicais após se reunir com movimentos sociais ligados ao PT para discutir o fim da escala 6×1 e a reforma do Imposto de Renda, sem convidar representantes das centrais sindicais. O encontro, realizado na segunda-feira (19), incluiu entidades como MST, MTST, UNE e CNBB, além das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A ausência das centrais históricas na pauta, como CUT, Força Sindical e UGT, provocou reações negativas mesmo entre aliados tradicionais do governo, em mais um episódio que evidencia a falta de articulação política da gestão Lula (PT).
Sérgio Nobre, presidente da CUT, demonstrou desconforto ao descobrir a reunião pela imprensa. Miguel Torres, da Força Sindical, comparou a situação a discutir reforma agrária sem o MST: “Deve ter sido um erro de interpretação da assessoria do ministro”, afirmou. Ricardo Patah, presidente da UGT, reforçou a crítica dizendo que “a pauta é nossa” e que uma reunião com as centrais será marcada. O episódio também chama a atenção sobre a coerência do governo ao articular políticas trabalhistas sem o envolvimento de quem ‘representa formalmente’ os trabalhadores.
Paralelamente, a proposta que pretende acabar com a escala 6×1 avança no Congresso, mas encontra resistência. A PEC 8/25, de autoria da deputada Erika Hilton (Psol-SP), apresenta forte polarização: 43,93% dos parlamentares ouvidos pela organização Congresso em Foco apoiam totalmente o texto, enquanto 39,39% são totalmente contra. Entre a oposição, o grau médio de concordância é de apenas 1,58, contra 4,29 entre os governistas. Apesar do apoio de parte do Senado, a medida ainda divide o Legislativo e preocupa setores produtivos que temem o impacto econômico da redução da jornada semanal para 36 horas.