O governo Lula (PT) adiou mais uma vez o anúncio de um pacote de medidas de corte de gastos que visa frear o déficit nas contas públicas. Reuniões diárias, incluindo o encontro da última sexta-feira (8) com ministros das pastas econômicas e sociais, terminaram sem consenso e sem previsão de quando o governo apresentará o projeto ao Congresso. Segundo economistas, o corte é essencial para evitar uma catástrofe econômica, considerando que, entre janeiro e setembro, o déficit nas contas já alcançou R$ 105,2 bilhões.
A ausência de consenso entre os ministros é um dos principais empecilhos. A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendem um plano rigoroso para contenção de despesas e preservação do marco fiscal, mas a proposta encontra forte resistência, especialmente entre ministros de pastas sociais. Benefícios como o Bolsa Família e o seguro-desemprego estão entre os pontos de maior discordância. “O presidente Lula jamais aceitaria cortar benefícios de quem preenche os requisitos legais”, afirmou Wellington Dias (PT), ministro do Desenvolvimento Social, reforçando a postura cautelosa em relação a programas sociais.
Além da resistência interna, o governo enfrenta pressão do mercado financeiro e de setores que aguardam sinais de responsabilidade fiscal. Os problemas se acentuam pela possibilidade de cortes nas áreas de saúde, educação e trabalho, temas que geram impacto político. Haddad indicou que Lula deve ainda buscar alinhamento com líderes do Congresso antes de qualquer anúncio, sugerindo que o impasse poderá se prolongar. Segundo Rogério Ceron, secretário do Tesouro, “o governo precisa agir de forma coerente para alcançar o equilíbrio fiscal e recuperar a confiança dos investidores”.