A Comissão Europeia formalizou nesta quarta-feira (3) a proposta de acordo comercial com o Mercosul, superando barreiras diplomáticas lideradas pela França. O texto será submetido ao Parlamento Europeu e aos governos dos 27 países do bloco, exigindo maioria qualificada para aprovação. A iniciativa representa um esforço estratégico da União Europeia para ampliar mercados e reduzir a dependência da China, mesmo diante da resistência de setores agrícolas europeus e de grupos ambientalistas.
O acordo, negociado por mais de duas décadas, ganhou impulso após a reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas de 15% sobre produtos europeus. Países como Alemanha e Espanha defendem o pacto como alternativa para compensar perdas comerciais e garantir acesso a minerais essenciais, como o lítio sul-americano. A França, maior produtora de carne bovina da UE, anteriormente, classificou o texto como “inaceitável”, alegando riscos à segurança alimentar e aos padrões ecológicos do bloco.
A proposta prevê redução tarifária ampla e abertura de mercado para produtos industriais e agrícolas. Fontes ligadas à Comissão Europeia indicam que o texto final incluirá salvaguardas específicas para proteger setores sensíveis, como o de carnes. O Governo Lula (PT), embora envolvido nas negociações, tem priorizado agendas ideológicas e ambientais, o que pode comprometer a competitividade brasileira. A expectativa é que o acordo seja assinado em dezembro, caso obtenha apoio suficiente entre os membros da UE.