O Banco Central do Brasil (BC) acendeu um alerta devido à previsão de alta nos preços dos alimentos, consequência das recentes enchentes no Rio Grande do Sul, com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, destacando que a tragédia adicionou uma incerteza importante sobre os preços dos alimentos. “Em termos de safra, a colheita de arroz já havia sido praticamente encerrada. Mas há dúvidas sobre o efeito das chuvas e dos alagamentos na fertilidade do solo e na capacidade de produção para frente”, afirmou Campos Neto durante um evento promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e pela B3.
As expectativas de inflação no mercado financeiro têm piorado, o que preocupa o Banco Central. Apesar dos dados recentes de inflação corrente serem positivos, Campos Neto salientou que o maior desafio está nas expectativas de médio prazo, que têm piorado consistentemente. “A parte mais desafiadora são as expectativas de inflação, que têm piorado recorrentemente. É um fator de preocupação e tem muitos ruídos envolvidos, da parte fiscal, da transição no BC, da capacidade de aprovação de medidas no Brasil, além dos riscos geopolíticos no exterior e Rio Grande do Sul, que teve impacto na parte mais curta das estimativas”, explicou.
Economistas do mercado financeiro revisaram para cima as projeções de inflação e juros para este ano, conforme divulgado no Boletim Focus. A estimativa de inflação para 2024 subiu de 3,86% para 3,88%. Campos Neto também lembrou que o Rio Grande do Sul representa 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e 9% da balança comercial, destacando o impacto destacável na atividade econômica. “A tragédia no Rio Grande do Sul vai impactar no crescimento e na inflação, mas temos que avaliar também outros fatores, como o consumo das famílias, de onde ele vem, se é de estímulo fiscal”, observou.