E também para a América Latina e para o mundo. O Fórum Econômico Mundial 2024, com sede na Suíça, costuma receber figuras apáticas e discursos mornos, mas virou notícia como pronunciamento inflamado e histórico do presidente argentino, Javier Milei, que se dirigiu a empresários do mundo inteiro. Cito o trecho final: “Não se deixem intimidar pela casta política nem pelos parasitas que vivem do estado (…) Vocês são benfeitores sociais, vocês são heróis, vocês são criadores da prosperidade mais extraordinária que já vivemos. Que ninguém lhes diga que sua ambição é imoral. Se vocês ganham dinheiro, é porque oferecem o melhor produto ao melhor preço, contribuindo dessa maneira para o bem-estar geral. Não cedam ao avanço do Estado, o estado não é a solução, é o próprio problema. Vocês são os verdadeiros protagonistas da História”
O que Milei está fazendo é a coisa certa: ideologizando o Argentino. Toda a construção do estado argentino foi calcada em ideologia, e não se consegue derrotar um estado construído ideologicamente com memes e narrativas rasas, sem um discurso com começo, meio e fim, argumentando como ele vai desestruturar o peronismo. O mesmo problema ocorre no Brasil, não temos as narrativas ideológicas corretas para esclarecer à população o porquê de termos um estado agigantado, que faz tudo para todo mundo e por que isso é ruim. Desse modo, a sociedade passa até a ser defensora desse estado socialista criado pela esquerda nos últimos 30 anos.
Portanto, Milei é fundamental para a Argentina, mas também seria fundamental para o Brasil, para traçar esse arco do começo ao fim, logicamente se perguntando: por que não se pode baixar preços? Por que não se pode resolver tudo na canetada, nem interferir na taxa de juros de uma maneira draconiana? Tudo isso ele está nos colocando e você vê na Argentina o apoio a suas ideias.
Não vejo o novo presidente argentino como líder populista, mas como líder ideológico, isso está claro. Entretanto, não percebo que há adoração a Milei pessoalmente, mas um consenso na Argentina sobre o que ele quer fazer, e que racionalmente expôs durante toda a sua campanha, e também nos vários anos em que ele esteve no ativismo político e trabalhando a opinião pública.
Ele fez a coisa certa, criou uma base ideológica para combater o estado peronista, semelhante ao estado social no Brasil. E nós temos que fazer o mesmo.