O desaparecimento repentino de usuários de drogas da tradicional área da Cracolândia, em São Paulo, gerou reações cautelosas entre autoridades. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou que ainda “está tentando entender o episódio” após notar a ausência do chamado “fluxo” na Rua dos Protestantes e arredores. A dispersão aconteceu da noite para o dia e, embora a prefeitura tenha apontado fatores como ações de saúde e segurança, não há um motivo claro para a mudança. O vice-prefeito, Coronel Mello Araújo (PL), creditou o esvaziamento ao trabalho da Guarda Civil Metropolitana e demais forças de segurança.
Segundo Nunes, operações conjuntas da prefeitura com o governo estadual na Favela do Moinho — como a prisão do traficante conhecido como “Léo do Moinho” — contribuíram para a redução da circulação de drogas, o que teria incentivado internações voluntárias. Ainda assim, o próprio prefeito evitou confirmar se o problema foi solucionado, destacando que o tráfico pode ter migrado para outras regiões. Já o vice-governador Felicio Ramuth (PSD) reforçou a cautela do governo estadual: “Já vimos outros gestores públicos levantando placa dizendo que a ‘cracolândia’ teria chegado ao fim”, disse ao UOL.
A prefeitura informou que realizou mais de 29 mil abordagens entre janeiro e março de 2025, com 7.500 encaminhamentos a serviços públicos. Enquanto moradores relatam alívio com o fim do intenso comércio de drogas no local, especialistas e representantes do Ministério Público sugerem que a estrutura criminosa pode ter se deslocado. O promotor Lincoln Gakiya atribuiu parte do esvaziamento ao fechamento de 45 estabelecimentos usados para atividades ilícitas em 2024, mas criticou o uso político do tema.