O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, vai tomar posse como ministro da Justiça e Segurança Pública em 1º de fevereiro. Até lá, Flávio Dino segue a frente da pasta antes de assumir uma das 11 cadeiras do STF. Lula tornou oficial o que já era previsto e ventilado pelo Planalto. “Normalmente, eu tenho por hábito cultural não indicar ninguém para nenhum ministério. Eu, se fosse técnico de futebol, não permitiria que o presidente do meu time, por mais importante que fosse, fosse escalar o meu time”, disse Lula.
Mas logo em seguida, o petista concluiu um raciocínio pouco lógico, mas absolutamente previsível: “Dia 1º vamos fazer a posse do nosso querido Lewandowski como ministro da Justiça, e aí já vai ter equipe montada. Ele vai conversar comigo e vamos discutir quem fica, quem sai, quem entra, quais são as novidades”, afirmou. O atual presidente deixou claro que a montagem do ‘time’ passará por ele, e não pelo ‘atual técnico’ – utilizando a mesma linguagem futebolística. Isso torna o discurso no mínimo controverso.
A explicação está em um impasse localizado nas entranhas do Ministério da Justiça. A Secretaria-executiva é ocupada por Ricardo Cappelli, considerado braço-direito de Dino ao ganhar destaque como interventor federal na segurança do Distrito Federal, depois dos atos do 8 de janeiro. Nos bastidores, ele teria afirmado que fica na pasta somente se for mantido no cargo. Mas fontes garantem que Lewandowski tem o desejo de designar o jurista Manoel Carlos de Almeida Neto ao posto.
O futuro ministro tem uma relação estreita com Lula, que o indicou para a Suprema Corte em 2006, quando era desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. O status de ‘companheiro’ veio à tona durante o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. Lewandowski permitiu a votação em separado da perda de mandato e da inabilitação para exercer funções públicas, o que resultou na manutenção dos direitos políticos a ela.
No julgamento do mensalão, Lewandowski votou pela absolvição do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente do PT José Genoino – mas foi derrotado em ambos os processos. O magistrado também tomou decisões favoráveis ao então ex-presidente no decorrer da Operação Lava Jato.