A recente queda vertiginosa no mercado de ações na China, resultando em uma perda de 6 trilhões de dólares em valor de mercado, destaca uma verdade dolorosa para o governo do presidente Xi Jinping: as perspectivas econômicas da segunda maior economia do mundo são desesperadoramente pessimistas e cada vez mais difíceis de ignorar.
A forte queda no índice de referência chinês CSI 300 (empresa dedicada ao estudo das finanças da China) neste mês agravou seu declínio para 40% nos últimos três anos, gerando ansiedade em um mercado dominado por pequenos investidores. Apesar de um pacote de resgate governamental de cerca de 2 trilhões de yuans (280 bilhões de dólares) e um corte repentino no coeficiente de reservas bancárias, relatado pela primeira vez pela Bloomberg News, a comunidade financeira, tanto local quanto internacional, permanece cética sobre a eficácia dessas medidas para impulsionar uma recuperação sustentada.
Embora a queda no mercado de ações possa parecer superficial em comparação com as crises imobiliárias e os desafios demográficos que a China enfrenta há anos, ela se tornou um lembrete público dos problemas que afetam a economia real, desde a diminuição dos preços da habitação até as crescentes tensões comerciais.
Especialistas dizem que Xi Jinping deve prestar atenção às percepções dos investidores chineses e globais, e não se limitar a repetir mantras sobre o rumo econômico do país.
Ao contrário da situação em 2015, quando o governo chinês estava disposto a injetar estímulos massivos no setor imobiliário para impulsionar a economia, a conjuntura econômica atual é menos favorável. Apesar de cumprir a meta de crescimento anual de 5% em 2023, a economia chinesa enfrenta desafios deflacionistas, uma queda nos preços da habitação e tensões comerciais.
A mudança de política na China, marcada pela relutância em usar estímulos baseados na dívida para impulsionar o crescimento, reflete uma abordagem mais cautelosa. O país agora prioriza a segurança nacional ao mesmo nível que o crescimento econômico, e sinais de maior concentração de poder no Partido Comunista sugerem que a capacidade de resposta do governo a crises pode ser comprometida.