Em entrevista ao Estadão, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), declarou recentemente que a “direita não tem dono”, em resposta à disputa entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo comando do segmento conservador no estado. A fala se deu após a vitória de seu aliado, Sandro Mabel (União), na eleição municipal em Goiânia, o que Caiado classificou como uma conquista para a centro-direita. Caiado apontou que, ao lançar candidatos locais sem diálogo com as lideranças estaduais, Bolsonaro buscou desgastar sua liderança e criar uma hegemonia política na região, algo que o governador considera um erro estratégico.
A reação entre bolsonaristas foi imediata. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), aliado de Bolsonaro, publicou um vídeo em suas redes chamando Caiado de “canalha”, questionando seu alinhamento com a direita e insinuando seu envolvimento em uma recente operação da Polícia Federal. Gayer também afirmou ter tentado “de tudo” para unir Caiado e Bolsonaro em prol de uma direita coesa, mas que agora considera impossível qualquer aproximação. Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, também se manifestou, afirmando que “quem nasceu para ser Caiado, jamais será Bolsonaro”, enquanto Eduardo Bolsonaro criticou o posicionamento do governador, chamando-o de “bizarro”.
A disputa entre os dois líderes se intensificou na reta final das eleições municipais, com Caiado reafirmando sua experiência e trajetória dentro da direita e reafirmando determinadamente que irá pleitar a Presidência da República. Ele lembrou que sempre defendeu a livre iniciativa e o direito de propriedade desde os anos 1980, e que agora, mirando 2026, busca um diálogo mais amplo para atrair eleitores. “Não se ganha eleição sozinho. A função de líder não é dividir, é aglutinar”, afirmou Caiado.