Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de 18 cadeiras para beneficiar vários estados do Brasil. São Paulo, sub-representado há décadas, ficou de fora dessa conta. A verdade é que os paulistas estão sendo roubados, e não é de hoje.
O projeto aprovado na Câmara ainda vai ao Senado, mas gerou revolta porque São Paulo detém 22% da população brasileira e apenas 13% dos deputados; é responsável por 35% de tributos federais e em contrapartida recebe de volta do governo Federal apenas 10%, enquanto que muitos estados do Nordeste recebem o dobro ou o triplo do que enviam.
Trata-se de uma distorção de Brasília, que está institucionalizando o roubo. Por trás dessa medida, também está a má-intenção do poder central em não querer ver o estado ser bem representado e dono de seus próprios recursos. A política federal é clara: São Paulo produz e Brasília desvia. São Paulo vira um pagador sem ter praticamente nenhum poder de barganha para garantir o retorno daquilo que contribui.
Para obedecer à proporcionalidade que consta na Constituição, São Paulo precisaria ter, no mínimo, 120 representantes, hoje tem 70. O correto é obedecer a um modelo razoável: onde está o eleitor, é um voto. Hoje o eleitor de São Paulo vale 10 vezes menos do que outro, de estados cujos deputados foram eleitos com menos votos que qualquer vereador de pequena cidade de São Paulo. Há estados, por exemplo, cujas economias são muito mais subsidiárias do governo federal. Cidades que pouco ou nada produzem e vivem de bolsa-família e elegem parlamentares que não fazem a mínima ideia do que estão votando na Câmara. Eles representam o verdadeiro risco Brasil.
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No dia da votação, fiquei surpreso de ver deputados de outros estados sensíveis à questão da necessidade de nosso estado, rejeitando o projeto com lucidez e espírito de justiça. Ao contrário, 14 deputados eleitos por São Paulo, votaram para o aumentar a bancada de outros estados sem sequer se justificar ou defender seus eleitores.
O cidadão paulista precisa se erguer e tomar uma posição firme, assim como vereadores, prefeitos, e o próprio governador Tarcísio de Freitas, contra essa medida absurda, pois aqui se gera o recurso de imposto pago a Brasília, para que a administração centralizada e pouco transparente o distribua a vários estados. Há duas Propostas de Emenda Constitucional para coibir esse abuso, uma delas é de nossa autoria. Até quando esse governo vai continuar sugando o sangue do povo trabalhador de São Paulo?