O Brasil encerrou 2024 com US$ 329,7 bilhões em reservas internacionais, uma redução de 7,1% (US$ 25,3 bilhões) em comparação ao ano anterior. A queda é atribuída principalmente às intervenções do Banco Central no mercado cambial, que injetou mais de US$ 20 bilhões para conter a disparada do dólar, encerrando o ano com uma valorização de 27% frente ao real. Esse movimento ocorreu em meio à desconfiança do mercado sobre a condução das contas públicas sob o governo Lula (PT), marcado por aumento nos gastos e ausência de medidas de contenção fiscal.
Em dezembro, o então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, justificou as vendas como necessárias para evitar disfuncionalidades no mercado, ressaltando que o objetivo não era defender um preço fixo para o dólar. No entanto, as expectativas frustradas em relação a cortes de gastos públicos amplificaram a crise cambial. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apresentou um pacote com previsão de poupar R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026, mas o aumento de impostos e a elevação da faixa de isenção do IR geraram reações negativas, com o mercado enxergando um desequilíbrio fiscal persistente.
Especialistas têm apontado que a escalada da moeda norte-americana e o uso intensivo das reservas refletem a falta de confiança em políticas econômicas críveis pelas instituições brasileiras, enquanto Gabriel Galípolo, novo presidente do Banco Central, descartou a ideia de um ataque especulativo, explicando que o mercado opera de forma fragmentada, com movimentos de compra e venda que naturalmente oscilam os preços. Ainda assim, analistas alertam que o custo de carregar reservas elevadas no exterior pode se tornar mais oneroso se o governo não sinalizar comprometimento com o equilíbrio fiscal.