Em uma reviravolta nos bastidores do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luiz Fux pediu sua transferência da Primeira para a Segunda Turma da Corte. A mudança, embora técnica à primeira vista, tem implicações políticas profundas. Com isso, Fux se junta a André Mendonça e Nunes Marques, formando uma maioria contrária aos interesses petistas que pode reequilibrar o jogo jurídico que, até então, parecia inclinado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fux não é um novato no STF. Com décadas de atuação, já presidiu a Corte e conhece como poucos os meandros do Judiciário. Mas sua recente autocrítica sobre os julgamentos relacionados ao 8 de janeiro — quando admitiu ter cometido injustiças — revela um homem disposto a rever posições e enfrentar o sistema que, segundo muitos, tem operado com viés ideológico contra a direita brasileira. Essa postura não é apenas rara; é corajosa.
A ida de Fux para a Segunda Turma pode ser vista como uma tentativa de romper com a hegemonia progressista que se consolidou no STF nos últimos anos. A Primeira Turma, onde atuava ao lado de figuras como Flávio Dino e Cármen Lúcia, tem sido palco de decisões que muitos consideram alinhadas ao projeto político do Partido dos Trabalhadores. Ao migrar, Fux não apenas se afasta desse núcleo, mas também fortalece um novo polo de resistência institucional.
Mais do que uma simples troca de cadeiras, essa movimentação pode representar o início de uma nova fase no Judiciário brasileiro — uma fase em que o contraditório volta a ter espaço. A revisão de seu voto no caso do suposto golpe, que pode beneficiar Bolsonaro, é um sinal claro de que Fux está disposto a enfrentar narrativas dominantes e reavaliar provas com isenção.
É impossível não traçar paralelos com o cenário internacional. Nos Estados Unidos, Donald Trump enfrenta uma máquina institucional que tenta minar sua influência política. No Brasil, Bolsonaro vive situação semelhante. Ambos são líderes que desafiaram o establishment, e ambos enfrentam resistência feroz. A diferença é que, agora, Bolsonaro pode contar com um aliado dentro do STF (ou pelo menos ter um inimigo a menos) — alguém que entende que a justiça não pode ser instrumento de vingança política.
Enquanto regimes autoritários como os de Nicolás Maduro (Venezuela), Daniel Ortega (Nicarágua) e outros do mesmo estilo seguem esmagando opositores e silenciando dissidentes usando o Judiciário como instrumento, o Brasil precisa reafirmar seu compromisso com a liberdade e o pluralismo, se não quiser ser comparado a uma ditadura. Fux, ao se posicionar contra o uso político do Judiciário, se coloca como um defensor desses valores. E isso, num país onde o sistema muitas vezes parece operar em favor de um único projeto de poder, é revolucionário.
Se o Brasil deseja se afastar de modelos centralizadores e autoritários — como os que ainda persistem em regimes comunistas e ditatoriais — precisa valorizar figuras como Luiz Fux e entender que todos têm o direito de rever suas opiniões, seja por reflexão ou por ter recebido a mesma dose de sanções que já foi aplicada a um de seus colegas, enquanto outros perderam privilégios. Sua coragem em desafiar o sistema e sua disposição em rever decisões mostram que ainda há esperança de equilíbrio institucional. E, para Bolsonaro e seus apoiadores, isso pode ser o início de uma virada histórica.










