O banqueiro Otávio Fakhoury trouxe à tona um dos pontos mais críticos da crise gerada após as sanções do governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. Segundo ele, o Banco do Brasil Americas, por ser classificado como “US Person”, está legalmente obrigado a cumprir as determinações da OFAC. Caso o Banco do Brasil S/A descumpra essas sanções, o BB Americas seria forçado a cortar relações com sua própria matriz. Fakhoury destaca que isso colocaria em risco o pagamento de salários em dólar a diplomatas, adidos militares e outros servidores públicos no exterior, afetando diretamente a estrutura da diplomacia brasileira.
A análise de Fakhoury revela que os departamentos jurídicos e de compliance dos bancos estão diante de um dilema sem precedentes. A ordem do ministro Flávio Dino, que invalida automaticamente sanções estrangeiras não homologadas pelo Judiciário brasileiro, entra em choque com obrigações legais internacionais. O risco de sanções secundárias e de isolamento financeiro é real, e o sistema bancário nacional pode sofrer consequências severas caso opte por ignorar as exigências dos EUA. A ruptura entre BB e BB Americas seria um marco na relação entre o Brasil e o sistema financeiro global.
Para Fakhoury, “chegamos à hora da verdade”, em que o poder real (o sistema financeiro internacional) mostra sua força. Ele afirma que esse poder pode ser desafiado, mas o custo é altíssimo, recaindo sobre o Brasil e sua elite econômica. A análise expõe os limites práticos das decisões do STF e do Governo Federal diante da pressão externa, evidenciando que, em temas de alcance global, medidas internas unilaterais podem gerar efeitos colaterais profundos e provocar danos duradouros à economia brasileira, caso tente enfrentar os Estados Unidos.
