Lula da Silva (PT) recebeu nesta sexta-feira (6) um título de Doutor Honoris Causa concedido pela Universidade Paris 8, na França, em meio a críticas até mesmo de setores da esquerda europeia. O jornal francês Libération, tradicionalmente alinhado a pautas progressistas, questionou a decisão em editorial publicado na terça-feira (3), destacando a proximidade de Lula com líderes autoritários e sua postura considerada ambígua sobre a guerra na Ucrânia. “Não é possível hoje conceder um doutorado honoris causa a Lula, próximo demais de Putin”, afirmou o texto.
A crítica do Libération ecoa o desconforto de parte da esquerda intelectual francesa, que vê na homenagem uma incoerência diante do atual cenário internacional. O editorial menciona a presença do presidente brasileiro no desfile de 9 de maio, em Moscou, ao lado de Vladimir Putin e Xi Jinping, evento descrito como uma tentativa de justificar a invasão da Ucrânia por meio de narrativas históricas. Segundo o jornal, o gesto da universidade ignora aspectos da política externa de Lula que são “altamente contestáveis” e levanta dúvidas sobre a escolha de homenageado diante de alternativas mais consensuais.
Apesar da controvérsia, o Palácio do Planalto manteve a programação oficial na França, onde Lula também participou de uma cerimônia da OMSA (Organização Mundial da Saúde Animal) e de um fórum empresarial com empresários franceses e brasileiros. Em encontro informal com o presidente Emmanuel Macron, Lula voltou a pedir apoio para a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia. A visita segue marcada por compromissos diplomáticos, mas a repercussão negativa da honraria concedida ao petista expôs fissuras mesmo entre antigos aliados ideológicos.