O governo Lula (PT) negou qualquer vínculo entre o asilo diplomático concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, e os processos da Lava Jato, em que o petista foi beneficiado por anulações judiciais, segundo reportagem do Poder360. A Secretaria de Comunicação Social declarou que não há relação entre o petista e a condenada por corrupção, cujo pedido de abrigo foi atendido com base em acordos internacionais. Heredia chegou ao Brasil após a Justiça peruana sentenciar, junto ao marido Ollanta Humala, 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro em esquema ligado à Odebrecht.
A operação Lava Jato, apesar de desmantelada no Brasil, segue ativa no Peru, onde envolve quatro ex-presidentes e parlamentares de diversas correntes políticas. O episódio gerou críticas no Congresso Nacional e alimentou especulações sobre motivações ideológicas no gesto de Lula, que, segundo a oposição, estaria retribuindo alianças do passado. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou o uso de avião da FAB para trazer Heredia e sugeriu que a manobra pode ter como objetivo evitar delações que comprometam aliados do petismo.
A decisão de acolher Heredia também levantou reações no Ministério Público peruano, que vê proximidade entre o PT e o casal condenado. “Mas que casualidade que seja o Brasil… Aí está a conexão”, ironizou o procurador Germán Juárez Atoche. Já o empresário Marcelo Odebrecht, em depoimento, confirmou que o repasse de US$ 3 milhões à campanha de Humala foi feito a pedido do governo Lula, com base em afinidades políticas e para facilitar o acesso da construtora a decisões estratégicas no país andino.