O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), cedeu à pressão política e anunciou que a votação sobre a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) não ocorrerá antes de 60 dias após a análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A decisão foi tomada após negociações com lideranças da esquerda e provocou o fim da greve de fome de Braga, que durava mais de 200 horas. A postergação da votação é vista por aliados como um sinal de recuo do comando da Câmara, que vinha sendo acusado por Braga de atuar em sua perseguição política.
A suspensão da greve foi definida após uma plenária organizada por apoiadores do parlamentar, que contou com a presença de nomes do governo, como a ministra Anielle Franco. Em declaração pública, Braga afirmou: “A suspensão da greve de fome vem a partir de uma mensagem que [Hugo Motta] demonstrou, através de toda essa solidariedade, um recuo, uma sinalização importante contra a perseguição que aqui estava operando.” A justificativa oficial para o processo de cassação está relacionada à agressão cometida contra o youtuber Gabriel Costenaro, ligado ao MBL.
Apesar do adiamento da votação, o caso segue em tramitação. Braga tem até 22 de abril para apresentar recurso à CCJ, que deve analisá-lo em até cinco dias. Se o recurso for rejeitado, a decisão vai ao plenário. A defesa do deputado aposta nesse intervalo para tentar reverter votos, embora aliados reconheçam baixa expectativa de sucesso na comissão.
