A ‘Polícia do Tarcísio’ deve começar a atirar para matar

Thiago Fortuna
4 Min
A 'Polícia do Tarcísio' deve começar a atirar para matar
foto: acervo pessoal

16 de agosto de 2003. Luiz Antônio de Lima Andrade, um homem de 37 anos, no auge da vida, feliz, recém-casado, com uma filha que mal havia completado dois anos. Foi assassinado com três tiros na porta da casa da sogra, na Vila das Mercês, em um latrocínio. Sua esposa e a pequena filha assistiram a tudo. Uma das balas atingiu sua artéria femoral. A família ficou completamente destroçada. Sua mãe, dona Ermínia, morreria 21 anos depois, mas, naquele sábado de sol em São Paulo, sua vida praticamente terminou. O pior? Ela morava em Portugal e teve que enfrentar horas de voo para enterrar o próprio filho.

Essa é uma história real. Não aconteceu com alguém famoso que passou na televisão. Essa é a história da minha família. Luiz era meu primo. Dona Ermínia, minha tia e madrinha. No casamento de sua filha — a mesma que estava no carro no dia do crime —, no lugar onde deveria estar o pai, havia apenas uma foto dele em um quadro, encostada em uma cadeira no altar.

O título deste texto, antes que algum paladino dos direitos humanos me acuse de apologia ao crime ou que o Ministério Público queira me processar, se refere ao amplo direito da legítima defesa da Polícia Militar de São Paulo.

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Nesta última semana, Vitor Felisberto Medrado, de 46 anos, um ciclista que se exercitava próximo ao Parque do Povo, área nobre da capital, foi executado sem esboçar reação. Tudo por causa de um celular. Essa tragédia me lembrou a da minha família. Agora fica a pergunta: se a polícia estivesse ali e tivesse atirado para matar os criminosos, como os jornais da Rede Globo noticiariam? “Polícia executa jovens por tentativa de furto”? Acredite, essa seria a manchete.

Não morro de amores pelo secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite. Vejo nele apenas mais um policial midiático, “amigo do Datena”, que gosta de aparecer. Mas é necessário dar um basta. É preciso olhar para as forças policiais de outros países, como Nova York e Londres. Quem se lembra do brasileiro morto pela polícia britânica há alguns anos no metrô? Sem dúvida, um inocente, mas a Scotland Yard não pagou para ver se ele era ou não um terrorista colocando milhares de vidas em risco. Eles o mataram. Triste, sim. Mas poderia ter ocorrido uma catástrofe ainda maior.

Não defendo esquadrões da morte, milícias ou qualquer coisa do tipo. Defendo que a polícia tenha o direito de atirar caso se sinta acuada ou em perigo. E quando falo em atirar, refiro-me à neutralização do criminoso. Porque pode ter certeza: se o bandido tiver a oportunidade, ele não vai atirar na perna do policial. Vai mirar no peito ou na cabeça.

Não estou conclamando a barbárie, apenas a lei de talião. É hora de ser duros. É hora de dar exemplo. Antes a mãe do meliante chorando do que a do policial, a minha tia ou a mãe do Vitor.

Dedico este texto à memória de Luiz Antônio de Lima Andrade e Vitor Felisberto Medrado.

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