O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, na quarta-feira (5), a abertura de uma auditoria emergencial sobre a gestão da Previ, o maior fundo de previdência da América Latina. A decisão ocorre após o fundo acumular um prejuízo de R$ 14 bilhões no chamado “Plano 1” entre janeiro e novembro de 2024. O ministro do TCU, Walton Alencar Rodrigues, destacou “gravíssimas preocupações” com o desempenho do fundo, que tem a maior parte de sua carteira alocada em renda fixa, um setor que deveria apresentar resultados positivos em um cenário de juros elevados.
Especialistas apontam contradições na gestão do fundo, que é presidido pelo sindicalista João Luiz Fukunaga, indicado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Em entrevista à CNN, Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ, questionou: “Em meio ao cenário de alta dos juros em 2024, não faria sentido um fundo com tamanha alocação em renda fixa não entregar rendimentos positivos”. A Previ, que possui R$ 228,47 bilhões em ativos, alega que seus planos estão em equilíbrio, mas a auditoria busca esclarecer as razões das perdas bilionárias.
A investigação do TCU também levanta preocupações sobre o impacto nas contas públicas, já que, segundo o advogado Emanuel Pessoa, a União poderá ser chamada a cobrir eventuais déficits, o que agravaria ainda mais a crise economica do Governo Federal. A Previ, criada em 1904, é responsável por garantir benefícios previdenciários complementares a funcionários e aposentados do Banco do Brasil, e a auditoria, portanto, tem como objetivo avaliar não apenas a gestão recente, mas também as políticas de investimento adotadas, que podem afetar milhares de beneficiários.
