O Governo Federal congelou a compra de 36 blindados de uma empresa israelense em função de divergências ideológicas e da postura crítica do Brasil em relação às ações de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. A decisão gerou embates no Ministério da Defesa, com o ministro José Múcio defendendo que a restrição foi motivada por questões ideológicas. A licitação, avaliada em R$ 1 bilhão, tinha sido vencida pela empresa Elbit Systems em 2023, mas segue sem assinatura de contrato.
O assessor especial Celso Amorim foi um dos principais responsáveis pelo bloqueio da negociação, alegando que a aquisição de equipamentos militares israelenses estaria indiretamente financiando ações contra palestinos. A resistência de Amorim se intensificou após o Lula (PT) ser declarado “persona non grata” por Israel, em reação a uma declaração polêmica que comparou a ofensiva israelense ao regime nazista. O Exército prorrogou o prazo para a compra por seis meses, mas fontes militares avaliam que o imbróglio é mais político que técnico.
Apesar da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de que o conflito no país de origem do fornecedor não é impedimento legal, o governo optou por dar à diplomacia a palavra final. Múcio chegou a sugerir uma compra parcial, mas foi rejeitado pelo próprio Lula. “Se o cenário geopolítico melhorar, quem sabe o negócio ainda possa ser fechado”, comentou uma fonte ligada às Forças Armadas ao jornal O Globo.