O ex-candidato opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, reconhecido como vencedor de eleições fraudadas pelo regime de Nicolás Maduro, pediu neste domingo às Forças Armadas da Venezuela que respeitem a Constituição socialista proposta e promulgada pelo próprio ditador Hugo Chávez. Em vídeo publicado nas redes sociais, González afirmou que, a partir de 10 de janeiro, será o comandante em chefe das forças armadas e destacou que é dever dos militares garantir a soberania e honrar a vontade popular. “Nossa Força Armada Nacional está chamada a ser garantia da soberania e de respeito à vontade popular. É nosso dever atuar com honra, mérito e consciência”, declarou.
O apelo ocorre em um momento de tensão política e precede os atos previstos para 9 de janeiro, convocados por María Corina Machado, potencial vice-presidente de González, que pediu à população que tome as ruas em apoio à sua posse. A medida é vista como arriscada, considerando o histórico de repressão violenta do regime chavista contra manifestações opositoras. Paralelamente, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, ameaçou solicitar a prisão imediata de González caso ele retorne ao país. A recompensa de US$ 100 mil oferecida pelo regime por informações que levem à captura de González reforça o cerco contra o opositor.
O opositor enfrenta acusações de conspiração e usurpação de funções, negadas por ele. Apesar disso, González baseia seus pedidos de legitimidade na própria Constituição chavista, que Hugo Chávez outrora descreveu como “uma das melhores do mundo”. Essa estratégia busca conquistar a lealdade das forças armadas, que permanecem subordinadas ao regime de Maduro e sua aliança com o governo cubano, além das acusações de envolvimento no negócio internacional da droga.