O elevado endividamento dos Estados Unidos, atualmente em 120% do Produto Interno Bruto (PIB), foi apontado como a maior fragilidade da economia americana pelo empresário e investidor Otávio Fakhoury, especialista no mercado financeiro dos EUA. Ele destacou que a dívida pública, estimada em US$ 36 trilhões, não apenas excede o PIB de US$ 30 trilhões, mas também gera quase US$ 2 trilhões em juros anuais. “Quem financia a dívida americana é o poupador e o investidor externo”, afirmou Fakhoury, alertando para a dependência crítica do país em relação aos fluxos internacionais para manter sua economia funcionando.
A análise ocorre em meio à transição para o governo de Donald Trump, que retorna ao poder com uma plataforma que combina medidas protecionistas, cortes fiscais e expansão da produção de combustíveis fósseis. No entanto, segundo Fakhoury, a aplicação de tarifas de importação pode comprometer o poder de compra da população ao priorizar produtos nacionais mais caros em detrimento de importados. Ele alertou que essa dinâmica poderia reduzir o consumo total, provocar uma queda na demanda e, consequentemente, impactar negativamente o PIB, criando um ambiente propício para uma crise econômica.
Para enfrentar os desafios referentes ao endividamento, Fakhoury defende que o governo Trump busque soluções para reduzir a vulnerabilidade gerada pelo financiamento externo da dívida pública. “Amanhã pode, por qualquer motivo, existir uma perda de confiança [dos investidores]”, advertiu, destacando que, caso isso ocorra, os EUA poderão enfrentar dificuldades no financiamento da dívida, sendo forçados a implementar cortes no orçamento.