O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, aproveitou o ataque em Novo Hamburgo (RS), que resultou na morte de três pessoas, para reforçar sua proposta de maior controle sobre armas legais no Brasil. Durante um evento em Brasília, ele anunciou que, a partir de janeiro de 2025, a Polícia Federal assumirá a concessão e fiscalização das licenças para CACs (colecionadores, atiradores e caçadores), uma função que hoje é do Exército. O ministro voltou a criticar o que chama de “proliferação de armas”, sem mencionar que a maioria dos crimes no país é cometida com armamento ilegal.
A proposta de Lewandowski vai no sentido de restringir ainda mais o acesso de cidadãos que adquirem armas de forma legal e seguem rigorosas regras, ao invés de focar na verdadeira raiz do problema: as armas ilegais, responsáveis pela maioria dos homicídios no Brasil. Embora o ministro afirme que o governo está “debruçado” sobre o tema da segurança, suas ações parecem penalizar aqueles que cumprem a lei, como os CACs, que já passam por processos complexos e regulamentados para obterem suas licenças. “Nós seremos extremamente rigorosos na concessão de licenças”, disse Lewandowski, ignorando o fato de que o maior risco vem das armas que estão fora do sistema legal.
Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) buscou facilitar o acesso a armas para civis, com a justificativa de que a autodefesa é uma resposta válida à insegurança e ao domínio do crime organizado, o governo atual aposta em desarmar os cidadãos que já estão regularizados. No entanto, essa postura não ataca o cerne da violência armada no Brasil: as armas ilegais, que continuam circulando livremente nas mãos de criminosos, sem enfrentar o mesmo rigor que o governo agora pretende aplicar sobre os CACs.