A crise envolvendo o caso de assédio sexual no governo Lula (PT) continua gerando repercussões, após a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, dar sua primeira entrevista sobre o assunto à revista Veja. Franco detalhou o comportamento inapropriado do ex-ministro Silvio Almeida, demitido em setembro, citando episódios desde dezembro de 2022. Segundo Anielle, durante uma reunião, Almeida a assediou fisicamente, e, mesmo após um pedido de desculpas, ele voltou a agir de forma desrespeitosa. O caso se tornou público em setembro, após uma série de denúncias de assédio sexual atribuídas ao ex-ministro.
Em seu depoimento à Polícia Federal na última quarta-feira (2), a ministra preferiu não entrar em detalhes sobre o episódio, argumentando que deseja preservar as investigações. Franco relatou o desconforto com a divulgação do caso e a pressão da mídia, mas destacou o apoio recebido da primeira-dama, Janja Lula da Silva, como um gesto importante de solidariedade e de fortalecimento das políticas de proteção às mulheres. “Nenhuma vítima tem a obrigação de se expor”, comentou Anielle, reforçando que cada mulher deve falar apenas quando se sentir pronta.
O ex-ministro Silvio Almeida, por sua vez, negou as acusações de assédio em um vídeo divulgado em setembro, afirmando que um grupo estaria tentando “diminuir” sua figura pública. O caso foi amplamente repercutido após a organização Me Too Brasil acusar Almeida de comportamento abusivo, sem citar o nome da ministra inicialmente. A entidade ainda destacou o acolhimento psicológico e jurídico oferecido às vítimas que, após consentimento, permitiram que as denúncias viessem a público.