Após a consulta realizada neste 3 de dezembro, Nicolás Maduro anunciou a incorporação da disputada região de Essequibo após os resultados de um referendo nacional fraudado no domingo. O referendo, segundo o presidente do órgão eleitoral da autocracia venezuelana afirmou que mais de dez milhões e meio de votos foram apurados com 96 % aprovando a incorporação da região (apesar dos centros eleitorais passarem vazios o dia inteiro segundo relatos dos próprios cidadãos).
Maduro revelou que seu governo não apenas reivindicará a soberania sobre Essequibo, mas também acelerará a emissão de licenças de exploração para atividades de petróleo, gás e mineração no território contestado. Por sua parte, a Assembleia Nacional controlada pelo chavismo está trabalhando em uma lei para o recém declarado estado de “Guayana Esequiba”.
Como parte de sua estratégia, Maduro declarou o estabelecimento de uma “zona de defesa integral” para a região de Essequibo e designou o General Venezuelano Alexis Rodríguez Cabello como sua “única autoridade”.
Mas os verdadeiros interesses de Maduro parecem ir se manifestando, pois em menos de uma semana o governo socialista declarou ordem de apreensão contra vários ativistas, líderes oposicionistas e ex-funcionários do governo de Chávez.
O procurador-geral do chavismo disse em coletiva de imprensa: “solicitamos a ordem de apreensão contra Henry Alviarez, Claudia Macero e Pedro Urruchurtu; contra o presidente (da ONG) Súmate, Roberto Abdul; contra os líderes no exílio Yon Goicoechea, Juan Guaidó, Julio Borges, David Smolansky, Carlos Vecchio, Lester Toledo e Leopoldo López; e contra os ex-ministros Andrés Izarra e Rafael Ramírez”.
O argumento que usa o governo chavista é uma suposta relação direta destes indivíduos com a petroleira norte-americana ExxonMobil que vem explorando petróleo na região de Essequibo há muitos anos.
O presidente Irfaan Alí da Guiana condenou as ações de Maduro como uma “ameaça direta” e anunciou sua intenção de levar o assunto ao Conselho de Segurança da ONU para medidas apropriadas. O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) tem jurisdição sobre a disputa de Essequibo, mas o regime de Maduro consistentemente rejeitou sua autoridade, ignorando uma recente liminar contra a realização do referendo. A decisão final do TIJ é esperada para os próximos anos.