A ONG Transparência Internacional acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de retaliar suas atividades de combate à corrupção no país. A entidade, com sede em Berlim, emitiu um comunicado em resposta à decisão do ministro Dias Toffoli de abrir uma investigação sobre a suposta apropriação indevida de recursos do acordo de leniência da J&F pelo braço brasileiro da ONG.
O comunicado da Transparência Internacional ressalta que a decisão ocorre apenas uma semana após Toffoli ter sido mencionado em um relatório sobre percepção da corrupção. O documento critica o ministro por ter anulado provas do acordo de leniência da Odebrecht.
“A ação legal baseada em acusações infundadas e informações falsas é lamentável, sufocando os esforços da sociedade civil para expor a corrupção e sua influência desenfreada sobre os poderosos”, afirmou um trecho da nota da organização.
A Transparência Internacional no Brasil desempenhou um papel crucial na definição das diretrizes para os gastos da multa do acordo de leniência da J&F, no valor de R$ 2,3 bilhões, destinada a investimentos em projetos sociais.
A ONG negou veementemente ter recebido valores do acordo, direta ou indiretamente. Essa informação também foi desmentida anteriormente, em 2020, pela subprocuradora Samantha Dobrowolski, que coordenou a extinta comissão do Ministério Público Federal para assessoramento dos acordos de leniência e de colaboração premiada.
No comunicado divulgado hoje, a liderança da Transparência Internacional enfatizou que, embora os detalhes sobre a participação da organização no acordo sejam públicos, as “campanhas de difamação” contra a ONG têm se intensificado.
O presidente global da Transparência Internacional, François Valérian, também se pronunciou, afirmando que a organização “não será intimidada”.