A Prefeitura de São Paulo decidiu confinar os usuários de craque na Cracolândia, na região central da cidade, com o objetivo de melhorar o atendimento aos dependentes químicos e reforçar a segurança pública. Para isso, foi erguido um muro de alvenaria de 40 metros de extensão, substituindo os tapumes metálicos que antes cercavam a área. A gestão municipal afirma que a ação tem contribuído para reduzir o número de pessoas na região e garantir melhores condições para as equipes de saúde e assistência social.
Entretanto, a intervenção tem gerado críticas de organizações não governamentais que atuam no local. A ONG Craco Resiste denuncia que o confinamento foi realizado sem consulta prévia à população afetada (sem consultar aos dependentes de craque) e sem a infraestrutura adequada, como banheiros e pontos de água potável. Segundo a organização, além da coação para permanecer na área isolada, os usuários enfrentam revistas constantes e até o uso de spray de pimenta por parte da Guarda Civil Municipal.
A Defensoria Pública também se posicionou sobre o caso, apontando que o isolamento forçado de dependentes químicos tem gerado tensão e aumentado a agressividade entre os usuários e os profissionais de saúde. Em um relatório de junho de 2024, a Defensoria questionou a eficácia da medida, afirmando que ela não facilita o acesso a serviços de saúde e agrava a situação da população em vulnerabilidade. A Prefeitura, por sua vez, assegura que a medida visa proteger os frequentadores da Cracolândia e melhorar o atendimento na região.