A questão da descriminalização da maconha ganha destaque no Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi discutida nesta quinta-feira (24) a possibilidade de estabelecer uma quantidade mínima que diferencie o usuário do traficante. Embora a quantidade exata ainda esteja em aberto, variando entre 25 e 100 gramas, a busca por uma abordagem mais branda em relação ao consumo pessoal dessa substância preocupa aos setores da população interessados na preservação da saúde pública, enquanto implicações econômicas, sociais e de saúde são analisadas com atenção.
Dados apontam que o mercado global de cannabis movimentou impressionantes US$ 18 bilhões (R$ 88 mi) em 2019, e estima-se que esse número cresça para US$ 194 bilhões (R$ 950 bi) até 2026, caso a legalização continue a se expandir em nível internacional. O Brasil, um dos maiores mercados consumidores de drogas ilícitas, encontra-se em meio a essa discussão, que pode ter consequências de larga escala em diversas áreas.
Enquanto a discussão sobre a descriminalização da maconha gira em torno da saúde pública e do sistema judicial, também é importante considerar os possíveis impactos econômicos e sociais. O Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos (INCB) emitiu um alerta em seu relatório anual de 2022, indicando que a legalização da cannabis para uso recreativo pode levar a um aumento no consumo, principalmente entre os jovens, levantando preocupações sobre possíveis efeitos adversos na saúde mental e no bem-estar público.
MACONHA E O CRIME ORGANIZADO
Um ponto interessante a ser analisado é o vínculo entre a legalização da maconha e o crime organizado, em particular o Primeiro Comando da Capital (PCC), onde segundo informações oficiais, foi revelado que o PCC domina não apenas o comércio de drogas em grande parte do Brasil, mas também a produção de maconha na fronteira com o Paraguai.
Segundo investigações policiais, foi determinado que a organização criminosa brasileira demonstrou ter uma forte presença nas operações de cultivo e distribuição da substância, ampliando sua influência e recursos, dinheiro que posteriormente seria utilizado em outras atividades criminais.
Com a legalização da maconha, as organizações criminosas poderiam ter facilitadas as atividades de lavagem de dinheiro proveniente de atos ilícitos por meio de negócios legais relacionados à cannabis. Isso ocorreria ao misturar fundos ilegais com fundos legais, dificultando o rastreamento das origens dos recursos.
Além disso, com o dinheiro proveniente da produção e venda legal de maconha, as organizações criminosas poderiam aumentar sua influência e poder tanto na esfera criminal quanto na sociedade em geral. Isso poderia resultar em uma ampliação de suas operações criminosas e impactar negativamente a segurança pública.
SAÚDE E PRODUTIVIDADE DOS USUARIOS DE MACONHA
Olhando amplamente, é vital entender os impactos da maconha na saúde e na produtividade, onde segundo estudos, uso não medicinal da droga pode causar dependência e efeitos adversos na saúde mental, especialmente entre os jovens. Há preocupações também em relação à produtividade laboral, já que o consumo regular de maconha pode prejudicar o desempenho no ambiente de trabalho, afetando a qualidade e a eficiência do trabalho realizado.