A maior parte dos recursos públicos destinados à construção de cisternas para famílias carentes no semiárido foi concentrada em uma ONG comandada por filiados históricos do PT. Segundo dados levantados pelo O Globo, a Associação Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (P1MC) recebeu R$ 640,1 milhões — o equivalente a 85% do total repassado pelo Ministério do Desenvolvimento Social desde a ampliação do programa no governo Lula (PT). Trata-se do maior valor transferido a uma única organização desde a criação da iniciativa há mais de duas décadas.
O modelo adotado pelo Governo Federal inclui a subcontratação de outras entidades, muitas também dirigidas por aliados do PT, sem participação direta do ministério no processo seletivo. Entre essas, estão organizações vinculadas a ex-assessores, ex-candidatos e atuais ocupantes de cargos em gestões petistas, que juntas já receberam R$ 152 milhões. Apesar da elevada concentração de verba em um único grupo político, a pasta chefiada por Wellington Dias (PT) negou qualquer irregularidade e afirmou que critérios técnicos foram utilizados na escolha das entidades.
Auditorias recentes apontam que 31% das cisternas entregues entre 2020 e 2022 apresentaram falhas como vazamentos e rachaduras. Ainda assim, o governo atual retomou e ampliou o programa, prevendo um investimento de R$ 1,5 bilhão até 2026. O coordenador da ONG Transparência Internacional, Guilherme France, destacou: “Essas instituições precisariam instituir programas de integridade efetivos, capazes de impedir conflitos de interesse, contratações indevidas e ineficiência financeira e econômica”.
