Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (6) que os brasileiros devem evitar comprar produtos que considerem caros para forçar a redução dos preços. A declaração foi feita em entrevista a rádios da Bahia, onde Lula sugeriu que, ao deixarem de consumir certos alimentos, os consumidores obrigariam os vendedores a diminuir os valores para evitar perdas. “Se todo mundo tiver essa consciência de não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender porque senão vai estragar”, disse o petista.
A oposição criticou a fala de Lula, apontando que, na prática, ele estaria pedindo que a população deixe de consumir itens básicos da alimentação, como arroz e café, que sofreram aumentos importantes nos últimos meses. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) ironizou a sugestão, questionando se os brasileiros deveriam também deixar de pagar aluguel ou de comprar remédios essenciais. A declaração de Lula se soma à do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que recentemente afirmou que, diante do preço alto da laranja, a solução seria trocar por outra fruta.
Enquanto Lula propõe que os consumidores mudem seus hábitos para lidar com a inflação, o governo avalia uma estratégia diferente. O ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou que o Executivo pretende destinar R$ 1 bilhão para criar estoques de arroz, feijão e trigo, como forma de evitar novas altas. Apesar dessa medida, a tendência de aumento nos preços continua: o café já acumula alta de 37,4% no último ano e pode subir mais 25% nos próximos dois meses, enquanto o arroz teve aumento de 15% em 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Instituto de Economia Agrícola (IEA).