Na próxima quarta-feira, 8 de janeiro, o governo federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) realizarão eventos para marcar dois anos dos ataques não esclarecidos aos prédios dos Três Poderes em Brasília. As cerimônias incluem a reintegração de obras de arte e rodas de conversa para relembrar o episódio que, segundo o governo, foi promovido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de estudos recentes indicarem ampla reprovação popular aos atos, setores críticos questionam a abordagem oficial, que reforça uma narrativa contra o bolsonarismo.
Entre os atos organizados, destacam-se o descerramento de obras restauradas e o “Abraço da Democracia”, com a participação de autoridades como Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso, e possivelmente Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. No STF, atividades incluem a entrega de peças feitas com destroços da invasão, simbolizando a reconstrução democrática. Para o ministro Edson Fachin, é “um momento de memória e reafirmação dos valores democráticos”. Contudo, opositores criticam a ênfase em elementos simbólicos enquanto lacunas investigativas permanecem.
A narrativa construída pelo Planalto e pelo STF contrasta com dúvidas ainda existentes sobre os responsáveis e os incentivos aos atos. Pesquisas como a realizada pela Quest mostram que 85% dos eleitores de Bolsonaro também condenam os ataques, revelando a complexidade do cenário. Críticos ao governo defendem que tais eventos, ao invés de buscar consensos, podem ser usados para consolidar a retórica oficial, comprometendo a imparcialidade necessária ao esclarecimento completo dos fatos.